sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O Mito do Apocalipse



“A palavra apocalipse, do grego αποκάλυψις (termo primeiramente usado por F. Lücke) (1832) significa, em grego, “Revelação”. Um “apocalipse”, na terminologia do judaísmo e do cristianismo, é a revelação divina de coisas que até então permaneciam secretas a um profeta escolhido por Deus. Por extensão, passou-se a designar de “apocalipse” aos relatos escritos dessas revelações.” [Wikipédia]

Para os cristãos, o livro possui a previsão dos últimos acontecimentos antes, durante e após o retorno do Messias de Deus. Alguns Protestantes e Católicos entendem que os acontecimentos previstos no livro já teriam começado.
Exegetas católicos e protestantes atribuem a sua autoria a João, o mesmo autor do Evangelho Segundo João, conforme o descrito no próprio livro: Ap 1.9-11. Entretanto, correntes há que acreditam que o João mencionado aqui (João de Patmos) é outro indivíduo, diferente do apóstolo João.
O começo do fim do mundo, diz João, será anunciado por sinais tenebrosos: um céu negro, uma lua cor de sangue, estrelas desabando sobre a Terra e uma sucessão de desastres varrendo o planeta na forma de terremotos, inundações, incêndios, epidemias. O Anticristo então dominará a Terra por sete anos, ao fim dos quais Jesus Cristo descerá dos céus com um exército de santos e mártires – e vencerá Satã, a besta. Depois de 1 000 anos acorrentado, Satã conseguirá se libertar e forçará Jesus Cristo a travar uma segunda batalha, a terrível batalha do Armagedom. Derrotado Satã, todos nós, vivos e mortos, nos sentaremos no banco dos réus do tribunal divino. Os bons irão para o paraíso celestial. Os maus arderão no fogo eterno.


NO PASSADO

Depois de canonizado, o livro de Apocalipse foi banido e passou cerca de quatro décadas fora do cânone. Segundo [Gondim, 2005]: “pessoas passaram a vida inteira acreditando que o Livro do Apocalipse não era inspirado, porque assim disse um concílio. Quem estava certo, aqueles cristãos ou os cristãos posteriores, que acreditam na santidade do Apocalipse por causa de outro concílio?”




AS VÁRIAS INTERPRETAÇÕES

A maior parte do livro é escrita em linguagem simbólica, e, por isso, dá margem a diversas interpretações pelos diversos segmentos cristãos. A razão dessas inúmeras tentativas de interpretar o livro de Apocalipse é devido à crença na suposta volta de Cristo [Tg 5.8; I Pe 4.7] que não aconteceu!
Dentre as principais interpretações, temos:
a) Preterista – Considera as visões e acontecimentos pertencentes às últimas décadas do século I.
b) Historicista – O Apocalipse contem visões que revelam com antecedência momentos importantes da história humana dos dias de Roma ao final deste atual século.
c) Futurista – Vê o Apocalipse como uma profecia relacionada ao desenlace da história que diz respeito à Igreja no mundo.
d) Dispensacionalista – Pressupõe dois diferentes povos de Deus: Israel e a igreja; e dois programas de profecias.
e) Espiritualista – Encontra poucas referências no Apocalipse sobre acontecimentos específicos ou pessoas do passado, presente ou futuro.
Segundo o comentário da Bíblia de Jerusalém, “o texto de Apocalipse apresenta certo número de duplicatas, de cortes na seqüência das visões e de passagens aparentemente fora do contexto. Os comentadores tentaram explicar essas anormalidades de múltiplas maneiras: compilação de fontes diferentes, deslocamento acidental de certas passagens ou capítulos, etc. Entre as explicações possíveis, propomos a seguinte hipótese.
A parte propriamente profética (Ap 4-22) parece ser composta de dois Apocalípses distintos, escritos pelo mesmo autor em datas diferentes, e depois unidos num só texto por outra mão. [...] Quanto às cartas às sete Igrejas (1-3), embora destinadas a serem lidas junto com os outros dois textos, devem ter existido primeiro na condição de texto separado.” [A Bíblia de Jerusalém, pp. 2.299-2.2300]
Curioso é que essas cartas só foram endereçadas às sete igrejas existentes na época, porém devido ao não cumprimento da Volta de Cristo, os líderes cristãos trazem  a mensagem de João [de uma forma alienada] para as igrejas atuais. Mas para “cobrar” obediência e boas obras às igrejas atuais, seria necessário uma biblioteca inteira de livros apocalípticos e não um pequenino livro de 22 capítulos.

SOBRE O TEMPO DAS PROFECIAS

Para João, todas as coisas vistas iriam acontecer ainda naquela época, tendo em vista os termos e datas empregados por ele ao descrevê-las:
a) Ap 1.1 – “…Coisas que brevemente hão de acontecer!” [ I Pe 4.7; Tg 5.8]
Teólogos afirmam cegamente que as coisas reveladas não iam acontecer logo na época em que foi escrito o livro de Apocalipse, devido à sua crença na suposta volta de Cristo: Ap 1.7 e 22.10.

Para saber mais sobre o mito da volta de Cristo, Clique aqui!
b) 1.3 – “O tempo está próximo!”
Imagine você sendo membro de uma daquelas igrejas as quais João escreveu e o seu pastor lendo uma carta contendo revelações de Deus e afirmando que o tempo estaria próximo. O que você pensaria: que iria morrer sem ver o fim do mundo ou a tal promessa se cumpriria ainda na sua geração?
O que você pensaria se estivesse no lugar daqueles cristãos e ouvisse a frase: “tribulação de 10 dias”? [Ver cap. 2.10]
c) 1.7 – “Cristo vem com as nuvens… Todo olho o verá… Até os mesmos que o traspassaram…” [Confira Jo 19.37]
I – Todo olho o verá? Isso é possível?
Apresento a visão distorcida que os escritores bíblicos tinham da terra e céu:

[Clique na imagem para ampliá-la!]

Havia a crença entre os hebreus de que se alguém subisse num monte bem alto [o mais alto da terra], contemplaria toda a terra. Foi pensando assim que João afirmou que “todo olho” veria o retorno de Cristo.
Reforçando essa visão bíblica,  ele escreveu:
“… E levou-me em espírito a um grande e alto monte, e mostrou-me a grande cidade, a santa Jerusalém, que de Deus descia do céu.” [Ap 21.10]
Os escritores dos Evangelhos também tinham a mesma visão:
“Novamente o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles.” [Mt 4.8]
“E o diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo.” [Lc 4.5]
Até no episódio da Torre de Babel, encontramos a mesma crença de que construindo uma “torre”, o homem chegaria ao céu [cfr. foto acima]. Hoje sabemos que depois de uma certa altura, há falta de oxigênio e homem não sobreviveria. Por que Deus não deixou o homem continuar com a torre até ele próprio perceber que não alcançaria o céu – como ele pensava? Para o escritor de Gênesis, Deus tinha que impedir com a confusão das línguas! [Gn 11.1-9]
Para saber mais sobre a visão bíblica da terra, [Clique aqui!]
II Quem o traspassou?  Fomos nós? Não! Em João 19.31-34 está a resposta!
d) 2.13 – Ainda nos dias de Antipas!”
Nada se sabe quem foi essa figura. Se naquela época pouco se falou sobre ele, imagine agora! Quem simbolicamente representa essa personagem nos nossos dias? O Presidente Lula? A futura presidente Dilma Rousseff?
e) 2.25 – “… e aos restantes que estão em Tiatira… Mas o que tendes retende-o até que eu venha!”
O escritor precisava ser mais claro? No Brasil temos alguma cidade chamada Tiatira? Para saber mais sobre essa cidade[Clique aqui!].
f) 6.11 – “Até que também se completasse o número de seus conservos e seus irmãos que haviam de ser mortos como eles foram.”
Morre gente todo dia e ainda não se completou esse número?
Note o significado de “conservo”:
“Servo juntamente com outrem. Do latim conservu: Companheiro na escravidão.” [Dicionário Informal]
Será que ninguém disse aos evangélicos ainda que a escravidão já foi abolida? Em qual dessas igrejas existentes hoje encontramos escravos? E nos capítulo 6.15 e 13.16 ainda vemos o escritor fazer distinção de “todo servo e todo livre”.
g) 22.7 – “Eis que venho sem demora…”
h) 22.10 – “… porque o tempo está próximo.”
i) 22.12 – “E, eis que cedo venho…”
j) 22.20 – “… Certamente cedo venho.”

AS BESTAS

No início Satanás aparecia como o único “opositor” a Deus; mas, sem entendermos como, João revelou que ele deu “cria” e agora vemos uma trindade satânica que peleja contra os cristãos daquela época.
O sinal ou marca da besta é alvo de diversas interpretações. Existem aqueles teólogos que dizem que o sinal será literalmente posto na mão direita ou na testa, e acusam o Verichipde ser esse sinal. Outros preferem uma visão mais simbólica e interpretam que o sinal da besta na mão direita ou na testa significaria respectivamente atitudes e pensamentos segundo as intenções da besta, e contrários a Deus. Um exemplo de tal interpretação tem os adventistas, que crêem que se pode identificar o sinal da Besta identificando qual o sinal contrário, isto é, o “sinal de Deus”, que eles crêem ser a observância do sábado. Neste caso, para eles, a marca da besta seria a observância do domingo, reconhecido como dia do Senhor tanto por católicos como por protestantes. Porém correntes atuais ponderam que o sinal da Besta nada mais é que algo compreensível, que quem recebê-lo saberá exatamente o que está fazendo, pois a expressão “é número de homem”, remete a algo comum, notório a todos, pois até mesmo pessoas iletradas reconhecem números com facilidade, ao contrário da corrente que há alguns anos acusava o código de barras e agora o Verichip. Existe também a interpretação de que pode ser um número bem no centro da testa, escrito 666 (seiscentos e sessenta e seis).
Moral da história! Se você acredita em alguma dessas interpretações, você automaticamente já foi “carimbado” não com o número 666, mas com a palavra “besta” na sua testa!

A ESTRELA DA MANHÃ

Era crença comum entre os Magos, os astrólogos, os caldeus e os místicos dos países orientais da antiguidade, que quando um cometa aparecia no firmamento era sinal de que estava para nascer um líder, ou grande Avatar, que se tornaria um Salvador ou Redentor da Humanidade.
Parece-me que todo rei e/ou deuses, além de serem vistos como as estrelas, tinham ou adotavam uma estrela como símbolo de sua majestade e poder. A estrela Regulus que á mais brilhante da constelação de leão, quer dizer “pequeno rei”. Esta mesma estrela para os babilônios se chamavaSharu, que significa “rei”; e para os romanos se chamavaRex, que também quer dizer “rei”.

E não só as estrelas, mas os planetas também. O planetaJúpiter foi associado ao deus maior do Olimpo: Júpiter – deus romano e Zeus – deus grego.

Investigando a mitologia sumeriana e algumas plaquetas e quadros acádicos, temos que os “deuses” sumerianos não tinham forma humana, e correspondiam a estrelas / astros. Nos quadros acádicos, as estrelas estão reproduzidas assim como desenharíamos hoje. Seu deus supremo, Marduk correspondia a Marte. Ninurta (Sírio) era o juiz do Universo. Este pronunciava sentenças sobre os mortais. Há placas com inscrições dirigidas à Marte, Sírio e às Plêiades.
Confira alguns exemplos na Bíblia também:
a) As estrelas de Deus – reis da linhagem real de Davi – Nm 24.17
b) Rei Nabucodonosor – Is 14.12 [Aplicam também esse texto a Satanás] Cfr. II Pe 1.19.
c) Estrela de Jacó – Nm 24.17;
d) Estrela de Cristo – Mt 2.2;
e) Estrela do deus Renfã – At 7.43
O salmista também acreditava que as estrelas representavam os reis quando escreveu que “proclamavam a glória de Deus” [Sl 19.1] e que Ele as “chamava pelo seus nomes” [Sl 147.4]. Quais nomes? Aqueles dados pelos homens durante a trajetória da humanidade!
De onde mais viria esta crença?
Segundo as antigas crônicas essênias e rozacruzes, quando o Divino Infante Krishina nasceu, também foi uma brilhante estrela que anunciou seu nascimento e os Magos, imediatamente, foram homenageá-lo e adorá-lo, levando-lhe sândalo e perfumes.
Por ocasião do nascimento de Buda, uma grande estrela, que passou pelos céus, proclamou sua divindade e os sábios, de novo, foram visitá-lo em Seu lugar de nascimento, e renderam-lhe homenagens e ofereceram-lhe presentes.
O nascimento de Confúcio, em 551 a.C., foi anunciado por uma estrela muito grande, que percorreu os céus e foi observada pelos sábios, que encontraram o lugar do nascimento acompanhando o movimento do corpo celeste e, em lá chegando, tributaram homenagens ao recém-nascido. Análogas histórias são contadas a respeito de Mitra, o Salvador persa, Sócrates, Esculápio, Baco, Rômulo e inúmeros outros.
O PLANETA VÊNUS

estrela da manhã, hoje, a conhecemos como planeta Vênus! Assim, segundo Ap 1.6, Cristo nos faria reis e sacerdotes; tornando-nos merecedores dessa brilhanteestrela: Ap 2.28; ou seja, herdaríamos o mais lindo brilho dela. Que legal, não é mesmo?
É claro que eu sei que os teólogos interpretam esta passagem como se referindo a “Cristo”, a resplandecente estrela da manhã, Ap 5.5 e 22.16. Segundo eles, o próprio Cristo é a promessa, tornando os vencedores participantes do Seu Reino de Glória, II Ts 2.12 – Compare com: II Pe 1.19. Porém, isto é o que eles acreditam e não o que entendemos racionalmente!
O que você faria se ganhasse de Cristo o planeta vênus como recompensa?
NOTA: Por descrever uma órbita interior relativamente à órbita da Terra, o planeta Vênus só pode ser avistado no início da manhã ou ao final da tarde (menos freqüentemente chamada estrela da tarde ou estrela do pastor, por aparecer às horas em que este partia ou chegava com o rebanho). Em plena noite Vênus encontra-se sempre do outro lado da Terra e durante o dia a luz do Sol ofusca-nos a visão de Vênus.
O LIVRO DA VIDA
Confira o que João “viu” na sua suposta revelação e o que os cristãos daquela época chamavam de livros:

Imagine agora quantos pergaminhos desses seriam necessários para escrever os nomes de milhares de pessoas que viveram no passado [desde a fundação do mundo]; das que vivem no presente e das que virão a existir no futuro, até o “fim do mundo”?
Mesmo que o suposto livro que estava na visão de João tivesse o formato dos nossos livros atuais, ele precisaria de uma biblioteca inteira para registrar [à mão] os nomes dos escolhidos. E mais! Imaginem também o trabalho que seria “apagar” tais nomes, se os escolhidos não fossem “vencedores”, conforme a ameaça no capítulo 3 e versículo 5.

AS DUAS TESTEMUNHAS

Alguns teólogos acreditam que essas duas testemunhas representarão Moisés e Elias; outros se acham divinamente inspirados para interpretarem que serão símbolos da igreja militante que testemunha [Zc 4.1-4, 6,10,14]. A pergunta que não quer calar é: Qual das igrejas [veja relação acima] as duas testemunhas representam?
O que nos parece é que são realmente pessoas, pois os escritos do A.T. os descrevem como: remanescentes de Zorobabel e Josué [Zc 3.1- 4.14]; de Elias [1 Rs 17.1; 2 Rs 1.10] e de Moisés [Ex 7-12]. Vale à pena ressaltar também a fenomenal diferença de interpretação dos escritos do A.T. entre o judaísmo e o cristianismo.
Elas profetizarão por 1.260 dias [42 meses], estando à frente de dois grupos: judeus e gentios; terão poderes sobrenaturais como: fogo saindo de suas bocas que matará a muitos; reterão a chuva no céu; transformarão as águas em sangue e lançarão pragas – como fez Moisés – sobre toda a terra. Porém, mesmo com todos esses poderes, não serão páreos para a Besta, a qual os matará depois de uma batalha ao nível dos efeitos especiais de ‘Matrix’. Depois de três dias e meio, ressuscitarão e subirão aos céus diante de todos.
Não vejo sentido algum em dois homens [pergunto por que não duas mulheres?] – mesmo que sejam símbolos – aparecerem do “nada” para “pregarem e profetizarem” algo que todo mundo já sabe ou conhece; com poderes sobrenaturais destacando-se diante dos reles mortais [nós]; sob pena de serem mortos depois de três anos e meio pela Besta, tendo como “recompensa” a ressurreição.
Outro fato curioso é que o próprio João confunde-se no que vê, e escreve referindo-se as duas testemunhas: “seu cadáver” [11.8]; porém no versículo 9 corrige: “os cadáveres”. Não vale nem a pena transcrever o comentário que interpreta ambas as frases na Bíblia Plenitude!
Se a Besta não for um animal e sim uma representação simbólica, aí é que tudo se complica mais ainda, pois quem matará dois seres superpoderosos que dominam os elementos da terra? As forças armadas de Barack Obama?
Por que os teólogos cristãos interpretam algumas datas do apocalipse como simbólicas e outras não, como no caso dos três dias e meio que as tais “testemunhas” passarão mortas na praça? E qual é a praça? A Trafalgar Square?
Note que as testemunhas aparecerão e permanecerão na terra por três anos e meio ajudando a Besta a destruir mais ainda o meio ambiente com seus poderes; mas depois ficarão mortos em praça pública por três dias e meio. Cada dia de suas mortes corresponde a um ano de suas vidas sobre a terra. Faz sentido, não faz?
POLIGAMIA CELESTIAL?


No velho Testamento a esposa de Jeová é o Israel [Israel = Povo judeu = a qualquer judeu], que depois de arrepender-se seria “restaurada”, Is 54.5.  Mas para João que teve a visão profética, a esposa do cordeiro é a Nova Jerusalém, Ap 21.2. Não vou entrar na questão se Jeová e Cristo é a mesma pessoa; porém, atendo-se apenas ao fato de Deus ou Cristo só poder ter uma esposa ou noiva, torna-se difícil não questionarmos essa estranha “relação” amorosa. Ainda temos os escritos do falso apóstolo Paulo que afirmou ser a “igreja” a noiva de Cristo [Ef 5.29-33], contrastando-se com as demais afirmações. Talvez esta afirmação de Paulo seja um dos motivos que levou João a criticar os falsos apóstolos: Ap 2.2.
E fazer confusão com os escritos judaicos é predileção dos cristãos, pois um dos pontos contraditórios entre os testamentos é que Israel aparece como [filho] “primogênito” de Deus no Antigo Testamento, Ex 4.22; e Jesus como Unigênito do Pai no Novo Testamento, Jo 3.16.
Mas voltando a questão das esposas, será que temos aqui uma nova trindade: Israel, Nova Jerusalém e a igreja? É claro que alguns teólogos afirmarão que a igreja faz parte do Israel espiritual de Deus e que ambos habitarão na cidade Santa, tornando-se uma única esposa; mas eles mesmos sabem também que a própria bíblia – bem como o livro de Revelação – faz distinção da igreja e do Israel em vários textos, confira: Ap. 7.4; 14. 1-2.
Os escritores da Bíblia tinham uma visão distorcida dos valores de uma mulher, pois no Velho Testamento vemos a esposa de Jeová sofrendo horrores: cativeiro, mortes, punições e repreensões; enquanto seu esposo Jeová permanecia intocável no Céu.  Já no Novo Testamento vemos a esposa de Cristo passando pelos mesmos horrores e repreensões – como as que são descritas nas cartas às sete igrejas; enquanto seu esposo desfruta do gozo celestial. Somando-se a isso, a outra noiva celestial – a intocável – é preparada no “céu” com ruas de ouro, cristais e pedras preciosas, aguardando o dia de receber as outras duas para poder descer do céu com todo o seu resplendor diante de todos os terráqueos.
Não sabemos se essa troca de esposa foi devido à rejeição de Israel pelo “Messias” [Cfr. Jo 1.11]. Porém acho que não foi tão boa assim, pois Jesus subiu aos céus e deixou a sua noiva na terra passando por sofrimentos milenares [Cfr. II Pe 3.8-14]. Talvez seja porque também ao chegar no céu tenha se apaixonado pela noiva celestial e tenha esquecido de buscar a outra aqui na terra!
Estou realmente usando de ironia, mas a minha intenção não é desqualificar o verdadeiro Yaohushua, e sim um “cristo” apresentado pelas diversas religiões cristãs cheio de contradições em seus atos!


CONCLUSÃO
De acordo com D. H. Lawrence, em seu ensaio sobre o Livro da Revelação – a narrativa do Apocalipse contém uma verdadeira “orgia de mistificação” e uso excessivo de palavras delirantes, as quais só atraíam cérebros de pessoas incultas, impressionadas por acontecimentos que fogem da realidade como: vingativos tribunais divinos e ameaças de feiticeiros fantasmas. (Apocalypse and the writings on Revelation – 1931)
É tão mágica e alucinante a narrativa que Thomas Jefferson, o terceiro presidente dos Estados Unidos, a chamou de “delírio de um maníaco”. Já o grande teatrólogo irlandês Bernard Shaw, disse que era o “inventário das visões de um drogado”.
Desde a década de 50 até o presente, temos tido pelo menos uma dúzia de filmes apocalípticos: Godzilla; Apocalypto; O Planeta dos Macacos; Matrix; O Bebê de Rosemary; Presságio e por aí vai! Eles sempre “revelam e destacam” algo de sua época. Há quem acredite – e isso parece mais viável – que o Livro do Apocalipse teria sido uma resposta às perseguições que os cristãos sofriam no Império Romano – e a besta, o Anticristo, o Satã seriam Nero, o imperador que tocou fogo em Roma. Porém a cada século que se passa, o Anticristo toma uma nova forma e “nasce” novamente, segundo as interpretações dos religiosos fanáticos que tentam por fim da força validar os delírios de João.
Agora transporte-se através da imaginação para a época em que foram enviadas essas “cartas” às sete igrejas e pergunte-se se aqueles cristãos decifraram pelo menos ¼ do que foi exposto aqui, segundo a inspiração dos teólogos. De quê adiantou enviar essas cartas àquelas igrejas se os seus fiéis não entenderam e nem presenciaram nada?
Creio que inúmeras interpretações ainda virão com o passar dos séculos, porém espero ter feito a minha parte para desfazer esse mito que as atuais igrejas cristãs têm feito questão de propagar.

REFERÊNCIAS 
GONDIM, Gilson Marques. Da Bíblia aos múltiplos universos: velhas e novas visões da eternidade. João Pessoa: Idéia, 2005.
Bíblia de Estudo Plenitude. Barueri – SP. Sociedade Bíblica do Brasil, 2002.
Bíblia de Jerusalém – Nova edição revista, Junho de 1996.

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Fonte: http://andreafreitas.wordpress.com

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